terça-feira, 19 de abril de 2011

Resenha do livro: Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação.

Kenski, Vani Moreira. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007
O livro possui 141 páginas composto da apresentação, introdução, VI capítulos, um anexo com questões para reflexão, debates e glossário.

Na apresentação a autora relata que escreveu o livro pensando nos jovens leitores, em seus professores e nos demais profissionais de diferentes áreas que se interessam pelo tema, tão atual, da relação entre educação e tecnologias.
Tornado acessível para todos os conceitos e as questões de grande complexidade teórica das duas áreas. (Educação e Tecnologia). Buscando para escrever o livro a opinião de professores e jornalistas em artigos apresentados pela imprensa. Recuperando pesquisas realizadas por ela e outros pesquisadores, relatos de professores e alunos, buscas na internet, buscando também exemplos de iniciativas educacionais que pudessem auxiliar na compreensão de assuntos tão novos.
Partindo da idéia de que o tema “Educação e tecnologia” deveria ser abordado de forma simples, abrangente e esclarecedora, apresentando e refletindo sobre os grandes avanços que as tecnologias podem oferecer á educação.

Na introdução é relatada a sua experiência ao ligar o computador, se identificar através da webcam e senha de acesso e ser transportada para o ambiente tridimensional interativo em que estuda algo que é comum em vários ambientes educacionais pelo mundo.

Capítulo I-O QUE SÃO TECNOLOGIAS E POR QUE ELAS SÃO ESSENCIAIS
A autora afirma que as tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana e que o raciocínio usado pelo homem tem garantido um processo crescente de inovações, desde o inicio dos tempos, fez com que o homem na IDADE DA PEDRA apesar de ser mais frágeis fisicamente diante de outros animais e das manifestações da natureza, a garantia através do uso da água, fogo, e outros materiais a sua sobrevivêcia e dominação.
Relata que as tecnologias evoluíram e invadem as nossas vidas, ampliam a nossa memória, garantem novas possibilidades de bem-estar e fragilizam as capacidades naturais do ser humano, alterando comportamentos. Citando que a ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se á cultura existente e transformando não apenas o comportamento individual , mas de todo um grupo social.
Conceituando “tecnologia” como algo que diz respeito a muitas coisas além de máquinas. O conceito de tecnologias engloba a totalidade de coisas que a engenhosidade do cérebro humano conseguiu criar em todas as épocas, suas formas de uso e suas aplicações. Existem muitas tecnologias ao nosso redor que não são máquinas. Afirmando que a tecnologia está em todo lugar, já faz parte das nossas vidas e que estão tão próximas e presentes que nem percebemos mais que não são coisas naturais.
Terminando o capítulo levando o leitor a imaginar o nosso cotidiano sem as tecnologias, nos ajudando a realizar as nossas atividades diárias.



Capítulo II_ TECNOLOGIAS TAMBÉM SERVE PARA INFORMAR E COMUNICAR

Neste capítulo é relatado que o avanço tecnológico das últimas décadas garantiu novas formas de uso das TICs para produção e propagação de informações, a interação e a comunicação em tempo real, ou seja, no momento em que o fato acontece.
Reflete sobre a linguagem oral, que é a mais antiga forma de expressão, a linguagem escrita e a terceira linguagem que é a digital , baseada em códigos binários, por meio dos quais é possível informar, comunicar, interagir e aprender.

Ao final do capítulo relata que as alterações sociais decorrentes da banalização do uso das tecnologias eletrônicas de informação e do acesso a elas atingem todas as instituições e espaços sociais. Na era da informação, comportamentos, práticas, informações e saberes se alteram com extrema velocidade. Essas alterações se refletem sobre as tradicionais formas de pensar e fazer educação. O desafio segundo KENSKI é abrir-se para novas educações que deve ser assumido por toda a sociedade.

Capítulo III_TECNOLOGIAS TAMBÉM SERVEM PARA FAZER EDUCAÇÃO
Assim como na guerra, a tecnologia também é essencial para a educação. Ou melhor, educação e tecnologias são indissociáveis.
Podemos ver a relação entre educação e tecnologias do ângulo da socialização da inovação. Uma nova descoberta precisa ser ensinada, informada e aprendida.Essas novas aprendizagens , quando colocadas em prática, reorientam todos os nossos processos de descobertas, relações, valores e comportamentos.
A maioria das tecnologias é utilizada como auxiliar no processo educativo. Elas estão presentes em todos os momentos do processo pedagógico, desde o planejamento das disciplinas, a elaboração da proposta curricular até a certificação dos alunos que concluíram um curso. A presença de uma determinada tecnologia pode induzir profundas mudanças na maneira de organizar o ensino. A escolha de determinado tipo de tecnologia altera profundamente a natureza do processo educacional e a comunicação entre os participantes.
Em relação à educação, KENSKI acrescenta que as redes de comunicações trazem novas e diferenciadas possibilidades para que as pessoas possam se relacionar com os conhecimentos e aprender. Para ela já não se trata apenas de um novo recurso a ser incorporado à sala de aula, mas de uma verdadeira transformação, que transcende até mesmo os espaços físicos em que ocorre a educação. A dinâmica e a infinita capacidade de estruturação das redes colocam todos os participantes de um momento educacional em conexão, aprendendo juntos, discutindo em igualdade de condições, e isso é revolucionário.
As crianças e jovens da geração digital têm muitas histórias para contar. Autodidatas, em geral, utilizam as facilidades de acesso ás informações disponíveis nas redes para pesquisar e aprender o que lhe interessa sobre o que pretendem invadir.
O uso das mídias digitais permite a essa nova geração falar de igual para igual com os adultos. Na realidade, o anonimato existente na rede não deixa saber quem se está apresentado, ou características como a idade .Eles não falam em novas tecnologias, falam do que fazem com elas.

KENSKI relata através das pesquisas e publicações na área da educação alguns problemas recorrentes, que estão na base de muitos dos fracassos no uso das tecnologias na educação. O primeiro deles é a falta de planejamento de aulas, usando por exemplo um vídeo para ocupar o tempo.Não são feitas relações sobre o vídeo e o assunto estudado, antes ou depois da exibição.
A falta de conhecimento dos professores para o melhor uso pedagógico da tecnologia. Na verdade, os professores não são formados para o uso pedagógico das tecnologias, sobretudo as TICs. A não adequação da tecnologia ao conteúdo que vai ser ensinado e aos propósitos do ensino. Cada tecnologia tem sua especificidade e precisa ser compreendida como um componente adequado no processo educativo. Falta de verba para manutenção e atualização permanentes dos programas e realização de treinamentos para todo o pessoal pedagógico e administrativo do estabelecimento. Além disso, um outro problema está no uso intensivo do computador.
O curso a distancia inicialmente eram oferecidos por profissionais que tinham um grande conhecimento das tecnologias, mas sem conhecimento das especificidades educacionais e comunicativas, muitas vezes também sem conhecimento dos conteúdos que pretendem ensinar, eles oferecem cursos que não atendem ás necessidades de aprendizagem dos alunos.

Capítulo IV_A EDUCAÇÃO SERVE PARA FAZER MAIS DO QUE USUÁRIOS E DESENVOLVEDORES DE TECNOLOGIAS
Segundo KENSKI em um mundo em constante mudança, a educação escolar tem de ser mais do que preparar consumidores ou treinar pessoas para a utilização das tecnologias de informação e comunicação. A escola precisa assumir o papel de formar cidadãos para a complexidade do mundo e dos desafios que ele propõe. Preparar cidadãos conscientes, para analisar criticamente o excesso de informações e a mudança, a fim de lidar com as inovações e as transformações sucessivas dos conhecimentos em todas as áreas.
Formar pessoas flexíveis o suficiente para incorporarem novos e diferenciados perfis profissionais. A escola precisa enfim garantir aos alunos-cidadãos a formação e a aquisição de novas habilidades, atitudes e valores, para que possam viver e conviver em uma sociedade em permanente processo de transformação.
As inovações tecnológicas podem contribuir de modo decisivo para transformar a escola em um lugar de exploração de culturas, de realização de projetos, de investigação e debate.
Educar para a inovação e a mudança significa planejar e implantar propostas dinâmicas de aprendizagem, em que se possam exercer e desenvolver concepções sócio-históricas da educação - nos aspectos cognitivos, ético, político, científico, cultural, lúdico e estético em toda sua plenitude e, assim garantir a formação de pessoas para o exercício da cidadania e do trabalho com liberdade e criatividade.
O desafio é o de inventar e descobrir usos criativos da tecnologia educacional que inspirem professores e alunos a gostar de aprender, para sempre. A proposta é ampliar o sentido de educar e reinventar a função da escola, abrindo-a para novos projetos e oportunidades, que ofereçam condições de ir além da formação para o consumo e a produção.
Os projetos educacionais desenvolvidos via redes, não podem ser pensada apenas como uma forma diferenciada de promover o ensino. Eles são formas poderosas de interação, cooperação e articulação, que podem abranger professores, alunos, pessoal administrativo e técnico das escolas, pais e todos os demais segmentos nacionais e internacionais envolvidos. Eles viabilizam o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da gestão da educação e caminhos novos e diferenciados.

KENSKI cita experiências brasileiras realizadas em sistemas públicos de ensino que mostram a criatividade e o dinamismo como que se pode fazer educação usando tecnologias,como O tabuleiro digital da Bahia, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Os Enlaces, ou Word Links,Infovias e Educação.
As possibilidades educacionais associadas ao uso intensivo da internet mostradas nesses exemplos apresentam algumas características comuns, apontadas por João Pedro da Ponte, 2004:
Em primeiro lugar, à relevância da interação, entre todos os integrantes do processo: professores, alunos, técnicos, equipamentos, redes, pessoas e instituições externas à escola e que se encontram na comunidade ou mesmo em outros países. Em segundo lugar, a prioridade que precisa ser dada à pesquisa e à exploração.Em terceiro lugar, quebram-se as barreiras entre o espaço escolar e o exterior.Em quarto lugar, a formação deixa de se circunscrever aos momentos de trabalho presenciais, complementados por trabalho individual ou de grupo, para passar a ter um desenrolar permanente.

Invertendo-se o processo educacional e levando a aula até o espaço em que se encontram os alunos, pode-se favorecer também que pessoas em estados permanentes ou temporários de isolamento, sejam em prisões ou hospitais, seja em espaços profissionais diferenciados, como plataformas de petróleo e navios, possam ter acesso à educação sem se deslocar dos espaços em que se encontram, vencendo a distância geográfica.
A distância temporal é também uma forma de personalização dos estudos, há liberdade para cada um assimilar conteúdos e fazer exercícios em seu próprio ritmo.
A velocidade da evolução tecnológica cria distâncias que, segundo Jacquinot (1993), devem ser consideradas em duplo sentido. O primeiro diz respeito à própria formulação de projetos e cursos à distância baseados em tecnologias de ponta. O segundo tipo diz respeito aos problemas de acesso e domínio das competências básicas para o uso das tecnologias mais avançadas em projetos educacionais.
A distância social ocorre pela inexistência de oportunidades no ensino presencial que possam garantir a oferta de educação para todas as pessoas indistintamente.

Capítulo V-DAS SALAS DE AULA AOS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
Desde que as tecnologias de comunicação e informação começaram a se expandir pela sociedade, aconteceram muitas mudanças nas maneiras de ensinar e aprender.
As tecnologias de comunicação e informação são utilizadas em atividades de ensino de uma forma bem diferente do seu uso costumeiro como mídias. O espaço de mediação das TICs em educação é claro, as pessoas envolvidas no processo –professores e alunos –são conhecidas e os fins são diretamente articulados com os objetivos do ensino e da aprendizagem. As TICs precisam de um planejamento adequado, por que o simples uso de tecnologias não altera significativamente os espaços físicos das salas de aula e nem as dinâmicas utilizadas para ensinar e aprender.

Os primeiros projetos de construção de ambientes virtuais de aprendizagem destinados à educação inciaram-se em meados da década de 1990, ocasionados por uma grande mudança na internet, graças a dois acontecimentos: a criação do primeiro navegador para a web-o browser (os mais conhecidos são o Netscape e o Explorer)- e a abertura da internet ao uso comercial, incorporando atividades de empresas.
Para Kenski a escola não se acaba por conta das tecnologias. As tecnologias são oportunidades aproveitadas pela escola, para impulsionar a educação, de acordo com as necessidades sociais de cada época. As tecnologias se transformam, muitas caem em desuso, e a escola permanece. A escola transforma suas ações, formas de interação entre as pessoas e conteúdos, mas é sempre essencial para a viabilização de qualquer proposta de sociedade. As TICs exigem transformações não apenas nas teorias educacionais, mas na própria ação educativa e na forma como a escola e toda a sociedade percebem sua função na atualidade.
O uso criativo das tecnologias pode auxiliar os professores a transformar o isolamento a indiferença e a alienação com que costumeiramente os alunos freqüentam as salas de aulas, em interesses e colaboração, por meio dos quais eles aprendam a aprender, a respeitar, a aceitar, a serem pessoas melhores e cidadãos participativos.
As TICs proporcionam um novo tipo de interação do professor com os alunos. Possibilitam a criação de novas formas de integração do professor com a organização escolar e com outros professores.
Professores e alunos precisam dominar diferentes linguagens, que vão da fluência tecnológica ao domínio de idiomas, para que possam sair do cerco fechado da sala de aula e do ambiente escolar para conectarem-se com o mundo. Tendo consciência de que sua ação profissional competente não será substituída pelas tecnologias. Elas, ao contrário, ampliam o seu campo de atuação para além da escola clássica.
O maior problema não está na dificuldade de domínio das competências pra o uso das TICs pelos professores. O grande desafio está em encontrar formas produtivas e viáveis de interagir as TICs no processo de ensino-aprendizagem no quadro dos currículos atuais, da situação profissional dos professores e das condições concretas de atuação em cada escola.

Não basta o uso de novas tecnologias, máquinas e equipamentos para fazermos a reformulação necessária na educação. Isso até poderia ser dispensável se a opção for privilegiarmos nas situações educacionais a principal condição para a concretização dessas propostas: o estímulo para a interação, a troca e a comunicação significativa entre todos os participantes. O mais importante é que essas pessoas estejam reunidas em um determinado espaço com o objetivo maior de aprender juntas. Esse é o ponto de partida para o início de um novo modelo educacional diferenciado, que é a formação de comunidades de aprendizagem.

Capítulo VI- CAMINHOS FUTUROS NAS RELAÇÕES ENTRE NOVAS EDUCAÇÕES E TECNOLOGIAS
Crianças e jovens que fazem parte da geração NET já exibem um perfil muito diferente dos excluídos digitais, e as diferenças não estão apenas na fluência com que usam computadores e redes. A conduta desses jovens em atividades diárias em seus computadores muda também a maneira como agem quando não estão conectados.
Novas maneiras de pensar e agir das novas gerações digitais influenciará o futuro das escolas e da educação de modo geral. Será preciso, cada vez mais, amplificações políticas efetivas, que propiciem a inclusão digital de todos os cidadãos. Ações que além do uso escolar de computadores e redes se ampliem de forma intensiva para o acesso em espaços sociais diferenciados. É claro que, no entanto, é ainda a escola em todos os seus níveis e formas, o espaço privilegiado e propício para desencadear a ação e fluência digital.
O futuro tecnológico da educação tem se direcionado para pequenas soluções na forma de aparelhos leves e portáteis, mas com muita potência.
Várias pessoas de diferentes idiomas devem se encontrar na rede, vai aumentar significativamente o uso de um idioma criativo e que está em franco desenvolvimento ns redes. Uma formulação híbrida entre a linguagem digital, o inglês vulgar e a linguagem icônica dos emoticons.

O grande movimento desencadeado pelo o uso aberto de programas e softwares desenvolvidos colaborativamente nas redes auxilia a todos, professores e alunos, no desenvolvimento de novas estratégias didáticas suportadas pelos computadores e pelas redes.
As tecnologias garantem as escolas à possibilidade de se abrirem e oferecerem educação para todos, indistintamente, em qualquer lugar, a qualquer tempo. O uso intensivo das mais novas tecnologias digitais e das redes transforma as dimensões da educação e da á escola “o tamanho do mundo”. A escola do tamanho do mundo, que se viabiliza pelo uso intensivo das tecnologias e das redes digitais, precisa ser vista com uma nova mentalidade.
A mentalidade exigida para se fazer educação de qualidade na sociedade da informação exige mudanças na estrutura e no funcionamento das escolas. Mudanças que vão muito mais além dos atuais ambientes e dos espaços e tempo de ensino-aprendizagem e que se vinculam com a linha filosófica e o projeto pedagógico da instituição.
A educação nunca mais será a mesma. As mudanças já ocorrem no movimento cotidiano de alunos, professores, das pessoas em geral, que acessam esses novos espaços de interação, comunicação e aprendizagem.
É preciso que as escolas, de todos os graus e níveis de ensino, acordem para a incorporação desses movimentos no cotidiano de seus cursos. Ou ficarão estagnadas e condenadas á obsolência.




Indico este livro a todos os estudiosos do termo "tecnologias" que tem sido muito empregado em Educação, com os mais diversos sentidos e significados. Este livro reflete sobre as relações que sempre existiram entre esses dois campos do conhecimento: a educação e as tecnologias.
Um livro muito útil a professores e estudantes da área de educação e outras áreas de conhecimento.



Vani Moreira Kenski nasceu no Rio de Janeiro (RJ). É graduada em Pedagogia e Geografia pela Universidade Estadual do Rio de janeiro (Uerj), com mestrado pela Universidade de Brasília ( UNB)e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi professora e pesquisadora das Faculdades de Educação da UnB,da Unicamp e da USP.


Gonzalez, Ana Cecília da Rocha, aluna do curso de especialização em Tecnologia e Novas Educações da Universidade Federal da Bahia_ UFBA

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